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Várias são as questões que habitam o íntimo das pessoas em relação à busca por uma ajuda psicoterápica.
Muitas pessoas se perguntam: “Por que eu deveria fazer psicoterapia?” “Será que eu preciso?”.
Esses questionamentos residem em alguns mitos que envolvem a prática da clínica psicológica, como por exemplo:
“Psicologia é um tratamento para doentes mentais.”, “Pagar alguém para me dar conselhos?!”, “Vou contar minha coisas para um estranho?”, “Quem precisa de ajuda para resolver seus problemas é um fraco”.
CONCEITO DE AJUDA
Em nossa cultura o termo ajuda apresenta um sentido contaminado com um juízo de valor de menosvalia – quem precisa de ajuda apresenta uma incapacidade de resolver seus próprios problemas, seria um “fraco”.
Existe uma cobrança tácita, em nossa sociedade, de que as pessoas devem ter personalidade forte, darem conta de todos os problemas de si e dos outros.
Tal situação reside na alta competitividade e no alto grau de exigência que norteiam as relações na sociedade contemporânea.
Assim, um pedido de ajuda denota fragilidade, além de gerar a fantasia de estar à mercê do outro.
A tendência, portanto, é do indivíduo se retrair e ficar na solidão, sem repartir suas dúvidas e angústias, andando em círculos, adiando decisões, negando problemas, transferindo a responsabilidade, culpando algo ou alguém por seus dilemas.
Todas as pessoas vivem, em certa medida, relações de ajuda. O (a) amigo (a), um professor, um religioso, cônjuge podem se apresentar como um “ombro acolhedor” que ouve e opina sobre a situação.
Porém, na relação de ajuda psicoterápica isso não ocorre.
Em momento algum o profissional expõe sua intimidade, sua vida pessoal, pois o centro da relação é o cliente.
É uma relação profissional que implica em um propósito bem definido de trabalhar as queixas/angústias que o cliente apresenta.
O QUE É PSICOTERAPIA?
A PSICOTERAPIA é um campo do saber que visa a compreensão do ser humano e de seu modo de existir no mundo. Envolve, portanto, o estudo do comportamento humano bem como o desenvolvimento de recursos metodológicos clínicos que favorecem ao equilíbrio bio-psico-social do indivíduo.
O tratamento psicoterápico é definido como um processo conduzido por um psicólogo (VER Resolução do CFP), com sólida competência profissional em realizar diagnóstico e procedimentos clínicos psicológicos.
Trata-se, portanto, de um tratamento realizado por meio de técnicas fundamentadas em uma teoria de personalidade, com o propósito de reorganizar padrões de comportamentos geradores de sofrimento que interferem no bem estar do indivíduo e o impedem de criar possibilidades de realização pessoal.
Envolve, também, o tratamento de transtornos psíquicos mais acentuados.
Assim sendo, a psicoterapia objetiva o fortalecimento da capacidade de autogerenciamento do cliente, permitindo-lhe tomar para si o rumo da própria vida. Isso se dá através do aprofundamento de sua autopercepção e, por conseqüência, a compreensão de seu próprio funcionamento e dos fatos de sua vida.
Psicoterapeuta e clientes, juntos, vão como num caleidoscópio girando e reorganizando de outras maneiras a pedrinha nele contida, originando-se, assim, novas formas de pensar, sentir e agir.
Nessa perspectiva a relação psicoterápica é uma relação de parceria, pois implica em um compromisso mútuo, porém diferenciado, do profissional e do cliente.
DO PSICOTERAPEUTA
Cabe ao psicólogo possuir habilitação profissional para o exercício de sua profissão, isso se traduz em capacitação teórico-técnica fundamentada em um sólido treinamento em uma abordagem psicológica.
Essa capacitação profissional envolve também a vivência de um processo psicoterápico, a fim de resolver suas questões pessoais e, assim, desenvolver a empatia e a doação necessária para receber, compreender e lidar com a dor e o sofrimento de quem o procura.
Além disso, faz-se necessário possuir uma conduta ética e honesta firmemente estabelecida.
DO CLIENTE
Cabe ao cliente participar ativamente de seu processo de autoconhecimento, através do confronto consigo mesmo, da admissão de fatos e comportamentos que eram camuflados, negados, não aceitos.
Implica também o compromisso com a busca de seu crescimento pessoal e com o reconhecimento de sua responsabilidade perante a própria vida. Subentende-se, então, uma forma ativa, participativa, rumo à maturidade.
PACIENTE OU CLIENTE?
É muito comum ouvir as expressões paciente e/ou cliente referindo-se àquele que procura uma ajuda psicoterápica. Consideramos válido fazer uma ressalva sobre esse ponto.
O termo paciente significa resignado, manso, aquele que espera pacientemente um resultado, estar passivo. São definições que reduzem o indivíduo à figura amorfa de quem nada ou pouco pode fazer por si mesmo e que deve submeter-se às decisões e/ou orientações de outrem que detém o poder.
Já o termo cliente significa pessoa protegida, aquele que busca por um serviço. Esse conceito envolve uma idéia de ação, movimento. Alguém que possui participação ativa.
Assim, parece-nos mais apropriado o termo cliente, pois apresenta o indivíduo como agente ativo de seu processo – aquele que busca ajuda, que faz algo por si, que reconhece o esforço necessário para trilhar sua jornada pessoal.
Nesse sentido, desmistificasse a imagem caricata do indivíduo que fica à espera de que tudo se resolva como um passe de mágica.
QUANDO BUSCAR UMA PSICOTERAPIA?
Em algum momento, na roda-viva da vida, a necessidade de uma ajuda psicoterápica pode surgir. Pode ser de forma abrupta – alguém diz diretamente que você deve procurar um psicoterapeuta, ou emerge lentamente – você constata que não está conseguindo lidar com as próprias dificuldades.
É importante saber que quando surge a necessidade de buscar uma psicoterapia, essa alternativa nunca é encarada tranqüilamente. Podem suscitar vários conflitos, devido aos juízos de valores negativos atribuídos à relação de ajuda.
Ao buscar um psicoterapeuta, ou psicólogo clínico, a pessoa encontrará profissionais com diferentes estilos e técnicas de tratamento, como: Psicanálise, Gestalt-terapia, Comportamental, Existencial-humanísta, Bioenergética, dentre outras.
Todo e qualquer ser humano é passível de sentir-se infeliz, de não estar satisfeito com a própria vida. Homens e mulheres, pais e mães, profissionais de todos os tipos, crianças, pessoas de todas as idades, solteiros, casados podem experienciar angústias e sofrimentos.
Enfim, o momento de procurar uma ajuda psicoterapêutica pode ser identificado quando um estado de infelicidade se torna prolongado, gerando limitações em uma ou mais camadas da vida.
QUAIS AS QUEIXAS MAIS COMUNS?
Apresento alguns exemplos:
Algumas pessoas enfrentam crises existenciais:
• não conseguem estabelecer-se profissionalmente;
• não conseguem formar e manter uma relação amorosa;
• apresentam dificuldades sexuais; (Sexologia Clínica)
• apresentam sentimentos de incapacidade e menosvalia;
• fazem uso abusivo de drogas lícitas ou ilícitas;
• apresentam comportamentos compulsivos, seja no trabalho, no sexo, na alimentação;
• apresentam depressão;
• sofrem de crises de ansiedade;
• possuem síndrome do pânico, etc.
Outras apresentam dificuldades em adaptar-se às transições/mudanças que ocorrem na vida:
• casamento;
• nascimento de um filho;
• separação;
• mudança de emprego;
• aposentadoria;
• adoecimento; (Psico-oncologia)
• perda de um ente querido, etc.
Existem, ainda, estados que denominamos de estresse pós-traumático, vivenciados após: • situações de violência urbana;
• acidentes;
• guerra;
• abuso e/ou violência sexual;
• tortura física e/ou psicológica, etc.
PSICOTERAPIA, ACONSELHAMENTO E ANÁLISE SÃO A MESMA COISA?
Não. A psicoterapia, como já foi explicado, refere-se a uma forma de tratamento através de uma relação sistemática e sem tempo determinado.
O aconselhamento é definido como uma intervenção de caráter preventivo ou de apoio, e de caráter situacional. A relação no âmbito do aconselhamento caracteriza-se por uma menor intensidade de expressão emocional e maior ênfase nos aspectos cognitivos, utilizando informações específicas e sugestões.
O aconselhador desempenha a função de dar suporte às questões circunstanciais, como por exemplo: planejamento de programas acadêmicos, orientação vocacional, recolocação profissional, orientação de pais, orientação para planejamento de atividades profissionais e/ou pessoais, auxílio na readaptação após alguma mudança na vida.
Outra distinção diz respeito ao programa de trabalho – duração do processo, menor freqüência de contatos, menor ênfase na história pessoal da pessoa, maior foco nos aspectos relacionados ao desempenho de papéis nas diferentes situações da vida, maior centralização na discussão factual de problemas e de dados objetivos.
A prática do aconselhamento é mais comumente realizada em instituições – escolas; universidades; centros de orientação familiar, vocacional e profissional; hospitais e clínicas, embora seja também oferecido, em menor escala, em consultório particular.
Os profissionais que atuam nessa área são, em geral, terapeutas ocupacionais, padres, pastores, pedagogos, fisioterapeutas, orientadores educacionais, assistentes sociais, psicólogos escolares. Porém, eventualmente, médicos e psicólogos clínicos podem atuar nessa perspectiva.
Deve-se considerar que, em certa medida, a psicoterapia e o aconselhamento podem apresentar algum grau de ambigüidade.
Nos dois campos de atuação subentende-se a existência de uma relação de ajuda, portanto, terapêutica. Conforme a American Psychological Association “o aconselhamento diferencia-se da psicoterapia pela sua centralização (...) nos planos que devem ser postos em prática pelo indivíduo no sentido de desempenhar um papel social produtivo.”
E O QUE É ANÁLISE?
É um termo empregado para designar uma relação de ajuda fundamentada em uma escola ou linha da psicologia que é a PSICANÁLISE.
Outras escolas, tão importantes quanto esta, não utilizam esta terminologia, apesar de ser muito comum as pessoas usarem.
EXISTE ALTA EM PSICOTERAPIA ?
Na perspectiva da Psicologia Formativa empregamos o termo FINALIZAÇÃO, pois a ALTA além fazer parte de um legado médico segue um pressuposto de cura ou em "corrigir alguém".
Assim procuramos reorganizar a linguagem para uma forma mais coerente com a visão formativa, vez que o objetivo da psicoterapia está, essencialmente, na organização de novas formas de existir.
Todo processo psicoterápico possui começo, meio e fim. Contudo, não retrata o fim de um processo, mas o fim de um trabalho psicoterapêutico, já que o processo interno/pessoal é ad eternum.
Às vezes, as pessoas têm dificuldades em formar um final e o fechamento do trabalho pode ser pela briga ou rompimento. Porém, o fim da psicoterapia não significa rompimento da relação, nem abandono, mas um estágio final em que a relação de ajuda não mais se apresenta como algo essencial.
Em outras palavras, quando ambos - cliente e psicoterapeuta - percebem a existência de um poder de autogerenciamento que o cliente organizou para si mesmo.
A finalização pode ser considerada como uma transição entre dois momentos: da necessidade de ajuda para o reconhecimento de que pode seguir em frente, tendo a certeza de poder contar com o profissional quando quiser.
É uma transição gradativa, cujo foco está no reconhecimento das conquistas obtidas pelo cliente e no seu compromisso com o futuro que está formando.