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Os professores, operadores de telemarketing, palestrantes, vendedores, recepcionistas, cantores, técnicos de futebol, médicos, apresentadores, por exemplo, são os que mais sofrem com problemas na laringe e nas cordas vocais. São os chamados profissionais da voz.
Com o objetivo de alertar sobre prevenção e tratamentos precoces, em 16 de abril é celebrado o Dia Mundial da Voz.
De acordo com o otorrinolaringologista Rodrigo Pêgo, membro da comissão em política pública em saúde da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o primeiro passo para evitar problemas com a voz é beber diariamente dois litros de água - em temperatura ambiente, preferencialmente.
“É importante evitar os extremos como bebidas muito geladas ou muito quentes. Além disso, a pessoa deve ficar se hidratando nos intervalos enquanto fala ou canta para evitar o esforço das cordas vocais”, recomenda.
Levantamento do Departamento de Saúde do Trabalhador (Desat), da Prefeitura de São Paulo, indica que 97% das readaptações funcionais por distúrbios da voz estão concentrados entre as profissões relacionadas ao ensino.
Em relação aos operadores de telemarketing, estudo da Universidade de Nebraska, nos EUA, fez uma comparação com estudantes colegiais da mesma idade, gênero, consumo de cigarro, entre outras semelhanças.
Os operadores demonstraram possuir 2,1 vezes o risco de apresentar um ou mais sintomas vocais do que os estudantes.
“Para quem trabalha com a voz, é fundamental usar o diafragma como apoio respiratório, com técnicas específicas, bem como evitar competir com os barulhos das redondezas. Se for necessário, avalie a possibilidade de usar um microfone, por exemplo”, sugere Pêgo, que trabalha no Hospital Municipal Salgado Filho e é membro fundador da Associação Interamericana de Otorrinolaringologia Pediátrica (IAPO, na sigla em inglês).
Nada de remediar por conta própria.
O otorrino explica que aplicar sprays ou chupar balas de gengibre sem recomendação médica, ou ficar pigarreando, por exemplo, na tentativa de limpar a garganta são paliativos que podem mascarar um problema mais grave.
Rodrigo Pêgo acrescenta que gritar ou sussurrar também são prejudiciais.
“Com a repetição, esses hábitos podem gerar problemas como nódulos, popularmente conhecidos como ‘calos’ nas cordas vocais”, destaca.
Alguns sintomas devem ser observados: perda ou falha da voz sem associação com estado gripal, ardência ou dor na garganta, dificuldade ou dor para engolir, pigarro ou rouquidão. Pêgo explica que deve ser observado também se está precisando fazer um esforço adicional para ser ouvido ou para respirar. “Com a persistência por mais de uma semana, procure um otorrinolaringologista para examinar e verificar o que está acontecendo e recomendar o tratamento adequado”, diz.
Previna o câncer de laringe
Os problemas comuns, se não tratados, podem gerar “calos” (nódulos) nas cordas vocais ou até mesmo o câncer.
Vale destacar que o tabagismo e o alcoolismo, sozinhos ou associados, são os principais causadores de câncer de laringe, que no ranking mundial, o Brasil está em segundo lugar com mais casos.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que quem tem o hábito de fumar e beber tem de 50 a 60 vezes maior probabilidade de ter câncer de cabeça e pescoço do que as outras pessoas que não têm esse hábito. E 25% dos tumores malignos que atingem essa área são na laringe.
Casos conhecidos de problemas com a voz
- Em fevereiro deste ano, o cantor Roberto Carlos teve problemas com a rouquidão no palco do cruzeiro “Emoções em Alto Mar”.
- Durante a campanha presidencial, Dilma Roussef e Marina Silva tiveram problemas com rouquidão.
- A apresentadora Fátima Bernardes, por causa do frio sul-africano durante a Copa, teve problemas com a voz.
- O apresentador Silvio Santos ficou praticamente afônico no final da década de 80, chegou a fazer tratamento no exterior, o que causou preocupação do seu público. Desde então, ele divide a programação de domingo com outros apresentadores em sua emissora.