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[Saúde na Internet]
Há situações em que somos acometidos de alguma dor ou mal-estar e entre tantas reações possíveis,tomamos um chá. Há algum significado neste trivial ato? Quais as conseqüências?
[Rumi Kubo]
Neste curto espaço, tentaremos abordar algumas facetas desta questão. Inicialmente ao tomarmos um chá para aliviar alguma dor estamos dando continuidade a uma tradição que surgiu com o primeiro homem, de buscar a cura para suas aflições.
Desta forma, o uso de plantas ou outro recurso disponível no seu meio é um ato quase intrínseco ao ser humano.
Com o advento da ciência, muitos destes hábitos foram desacreditados ou simplesmente houve um deslocamento do modo de buscar a cura dos chás para os medicamentos industrializados, dos curandeiros tradicionais para os médicos com formação acadêmica.
Nesta mudança de postura, houve e ainda persistem muitas controvérsias sobre um ou outro modo de cura, embora contemporaneamente, o que se verifica, é a coexistência entre duas práticas.
Reconhece-se assim a complexidade do processo de doença e cura, onde a cura não se constitui apenas no uso de um princípio ativo para eliminar determinado mal.
Nesta situação, o ato de tomar um chá para curar não se constitui numa negação do conhecimento científico e da necessidade de orientação médica ou vice-versa, mas os significados se modificaram em relação àquele homem dos primórdios da humanidade.
Tomar um chá para curar algum mal repentino atualmente, é a representação de uma certa autonomia, apesar de todo o sistema oficial de saúde, para tomar para si os cuidados com o seu corpo e sua saúde.
Assume-se uma responsabilidade sobre as conseqüências desta opção, pois em relação a determinado chá, além do conhecimento popular e tradicional, há todo um aporte de pesquisas científicas que apoiam ou não o uso de determinada planta (tais como princípio ativo, toxicidade).
A situação complica-se mais ainda, ao considerar-se que, apesar de todo arsenal tecnológico para disponibilizar as informações, o acesso a todo este conhecimento, é bastante desigual. Evidencia-se, assim, que a responsabilidade com a saúde, além de uma escolha individual, constitui-se também em uma responsabilidade coletiva, não só de pessoas ligadas a área da saúde, mas de cada indivíduo, de conhecer seu corpo e de manter-se informado e preocupar-se com a passagem de informações corretas e conseqüentes.
Como inicialmente colocado, estas são apenas algumas facetas desta questão, pois o uso de plantas medicinais foge do simples âmbito de profissionais da área da saúde ou do caráter antropológico do uso tradicional das plantas. Necessita assim de um tratamento interdisciplinar abrangendo desde a curandeira, a mãe que ensina e trata seus filhos com um chá, passando pelas instâncias políticas da área da saúde, meios de comunicação, até os cientistas ou profissionais da saúde propriamente dito.