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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi internado recentemente com infecção respiratória.
Anteriormente, ele passou por tratamento para um câncer na laringe e recebeu alta em fevereiro deste ano.
O quadro de infecção respiratória apresentado por Lula levanta a questão se o tratamento ao câncer pode levar a esse tipo de patologia.
Para responder a essa dúvida, o oncologista Dr. Stephen Doral Stefani, do Instituto do Câncer Mãe de Deus, comenta a respeito.
O quadro de infecção respiratória apresentada pelo ex-presidente Lula pode ter relações com o tratamento que ele realizou para o câncer de laringe?
Dr. Stephen: Infecções respiratórias após tratamento oncológico não são complicações raras, até porque muitos desses pacientes apresentam pulmões com alterações prévias, como bronquite crônica e enfisema. A gravidade e o manejo do caso vão depender de variáveis como contagens laboratoriais (pacientes com queda das defesas sanguíneas, comum nos dias que se seguem a quimioterapia e radioterapia, têm mais risco) e qual agente infeccioso envolvido.
Como é realizado o diagnóstico?
Dr. Stephen: Os sintomas, inespecíficos, incluem mudança no padrão da tosse, falta de ar, dor torácica e febre. O diagnóstico é definido pelo quadro clínico e imagens radiológicas (como Rx ou tomografia computadorizada de tórax). Eventualmente, exames invasivos como fibrobroncoscopia (endoscopia das vias respiratórias) são necessárias para identificar o agente etiológico (o agente causador da infecção).
Nesses casos, como é o tratamento?
Dr. Stephen: Geralmente, o tratamento é realizado com antibióticos de amplo espectro até que se identifique exatamente qual a causa da infecção. A maioria dos casos é causada por bactérias (do grupo Gram-negativo), mas vírus e fungos também são descritos. Conforme a identificação do agente etiológico, o tratamento é realizado com medicamento por aproximadamente duas semanas.
Então, quais as medidas preventivas que os pacientes que realizaram tratamento parar câncer devem ter?
Dr. Stephen: Em alguns cenários muito específicos, a indicação é o uso de antibióticos profiláticos. Na maioria dos casos, a melhor recomendação é evitar excessos e comunicar ao seu médico imediatamente quando se identificar um quadro de febre.