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Gravidez e Sexo


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A gravidez pode ser considerada como uma fase marcada por um estado de tensão, devido à expectativa das grandes mudanças que estão e continuarão a ocorrer. Tais mudanças envolvem os aspectos biológico, psicológico e social. A mulher passa por uma revolução hormonal e por profundas alterações em seu esquema corporal. Ela passa a se ver e a ser vista de uma maneira diferente – um novo papel se define, o de mãe.

Esta reorganização de identidade envolve também o homem, pois a paternidade implica em se responsabilizar pela criança que vai nascer e se ele vinha cumprindo uma função de protetor de sua companheira, terá que se ajustar à sua nova condição. Com o nascimento do primeiro filho, o casal passa à condição de família; um terceiro elemento surge na composição da díade conjugal e, consequentemente, muita coisa muda.

Esta “reviravolta” representa uma possibilidade de atingir outros níveis de integração e amadurecimento de ambos. Surge a necessidade de novas adaptações e ajustamentos, tanto no sentido pessoal, quanto no interpessoal.

Contudo, a gravidez pode também ser uma ameaça à relação que possui um frágil equilíbrio, onde a mulher poderá excluir o parceiro de sua vida, o homem poderá sentir intenso ciúme do filho que vai nascer, ou ainda quando um ou outro não conseguiu superar uma dependência em relação à própria mãe podendo vir a se relacionar de forma simbiótica com ela.

É importante enfatizar que nem todos os casais vivenciam tais tensões e a intensidade com que são sentidas também é extremamente variável.

Com relação à atividade sexual, obviamente que sofrerá influências, não só em função dos aspectos já mencionados, mas pela forte presença da visão judaico-cristã em nossa cultura. O sexo tende a ser visto como imoral ou pecaminoso e a maternidade como algo divino; o sexo tem como função básica a reprodução e o prazer “permitido” na maternidade é o de gerar uma vida.

Dessa forma, ainda hoje maternidade e sexo são duas situações que, para alguns casais, não se combinam, podendo inclusive gerar conflitos emocionais tanto no homem, quanto na mulher.

Fundamentando-se em algumas crenças e mitos religiosos, algumas inverdades surgiram, como: a penetração pode machucar o bebê; a ejaculação dentro da vagina pode afogar o bebê; ser mãe é algo sagrado, logo ter sexo durante a gravidez pode ser considerado como culposo; toda atenção tem que ser dedicada ao bebê, nada mais é importante, etc.

Na realidade, de acordo com algumas pesquisas, a atividade sexual, durante a gravidez, sofre uma redução de 40 a 60%, em virtude de alguns fatores. No 1º trimestre: o medo de abortar, sentimentos de rejeição à gravidez e/ou ao parceiro(a), desconfortos físicos (náuseas, vômitos, asia, dor de cabeça, etc.), medo do futuro, restrição religiosa, prescrição médica, etc.

Durante o 2º trimestre poderá haver um aumento do desejo sexual e a atividade sexual pode ser retomada. Já no 3º trimestre, o sexo pode ficar menos freqüente, devido à: baixa auto-estima da mulher devido suas modificações corporais, diminuição do interesse do parceiro, medos com relação ao parto, restrição médica, etc.

Como foi dito antes, alguns ajustes serão necessários, inclusive na hora do sexo. As posições de lado ou de costas são as mais confortáveis; a tradicional papai e mamãe precisa de maior cuidado – o homem pode se deitar em cima da parceira desde que apóie os braços sobre a cama, não soltando todo o peso sobre a barriga dela. O sexo oral pode ser também uma boa alternativa.

A gravidez não é sinônimo de doença, muito pelo contrário. Estando tudo bem clinicamente, o ato sexual é um meio importante de aproximação amorosa para o casal.


Publicado em: 01/09/2000. Última revisão: 03/06/2024
 COLABORADORES 
Dra. Iracema Teixeira Dra. Iracema Teixeira é psicóloga somático - transpessoal, com especialização em Sexualidade Humana e mestre em Sexologia. Em sua clínica, atende adolescentes, adultos, e também em terapia sexual e aconselhamento conjugal. É coordenadora do Grupo de Mulheres – "Descobrindo o Prazer".
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