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Uma das coisas mais importantes para o ser humano é a capacidade de poder ficar só.
Quando se fala em ficar só, nos referimos aos momentos em que se está conectado consigo mesmo, independente da pessoa ser casada ou solteira.
Existem casais que são incapazes de ficar separados de seus parceiros. Estão tão dependentes um do outro que têm dificuldades de fazer coisas que gostam sem que o outro esteja ao seu lado. Se tornam uma extensão de seu próprio ser. Às vezes, fica difícil saber onde termina um e inicia o outro. Essas pessoas têm dificuldade e fazer suas próprias escolhas a partir de seus valores pessoais, deixando a tarefa de decidir para o(a) companheiro(a).
Muitas vezes se cria uma intensa relação de simbiose, onde a imagem de um inexiste sem a presença do outro. Como se fosse um espelho a revelar e a mostrar o outro.
Quando acontece desses casais se separarem seja pelo divórcio ou pela morte, a ruptura que ocorre em suas vidas é tão forte que muitos acreditam que não conseguirão sobreviver sós.
Nestes casos, aparece uma mistura de sentimentos, como dependência da pessoa amada, juntamente com o próprio medo de ficar só.
Na verdade, o maior medo é de entrar em contato com aqueles sentimentos de solidão e abandono guardados no fundo do coração. Quando se está acompanhado fica mais fácil não ouvir as dores que habitam o peito.
Já presenciei casais que não conseguiam fazer nada sozinhos. Desde uma simples compra ao supermercado, idas ao shopping, ao cinema, até mesmo uma saída com os amigos sem que o outro esteja junto. Uma situação de dependência mútua.
Devemos lembrar que mesmo o casal se amando profundamente e tendo gostos em comuns, eles são antes de tudo indivíduos, e como tais, com identidades e valores próprios.
É de vital importância numa relação afetiva a existência de espaço para que a individualidade possa se manifestar.
Uma vez ouvi uma frase que me chamou atenção e me marcou até hoje, dizia que quem não consegue ficar só não deveria se casar.
Por de trás desta afirmação aparentemente simples esconde uma grande verdade.
Estar junto pressupõe trocas profundas com o que eu tenho de mais meu com que a outra pessoa tem de mais seu. E para que isso aconteça, se pressupõe que devemos saber quem somos, para assim nos unirmos a quem amamos, que também deverá saber o que busca.
Quem não consegue ficar só tem dificuldade de crescer com o outro, impossibilitando a tarefa de individuação do parceiro em relação a si mesmo.
Ficam alguns questionamentos a serem feitos.
Por que muitas pessoas quando se casam abrem mão de suas amizades antigas em prol do casamento?
Por que elas têm dificuldade em preservar esses mesmos amigos quando o marido ou a esposa não os aprova?
Que relacionamento é esse que desqualifica e menospreza questões tão importantes como a amizade?