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Quanto duas pessoas se amam e resolvem ficar juntas, seja através de um namoro ou mesmo do casamento, elas acabam criando um outro compromisso muito mais amplo, que é o comprometimento de fazer com que o parceiro ao lado evolua e cresça na relação. Para que possa tornar um indivíduo mais maduro e sadio.
Normalmente quando se inicia uma relação afetiva, os casais têm um elevado grau de tolerância um com o outro. Aceitam invariavelmente quase todos os defeitos do companheiro e não perdem tempo criticando ou mesmo tentando mudar a pessoa que ama. Nessa fase, a paixão vem misturada com doses de ilusões, fazendo acreditar que este amor sentido permanecerá eterno.
Na medida em que o tempo passa, algo interessante acontece com estes casais. Aquela mesma tolerância que antes existia, começa aos poucos a desaparecer, dando lugar no cotidiano para que surjam pequenas intrigas e atritos. Detalhes, que antes eram passados desapercebidos, agora provocam muita inquietação e discórdia. Passamos a querer mudar no outro os comportamentos que vemos e não aprovamos.
Muitas vezes observamos no companheiro características nossas que não gostamos e que somos incapazes de enxergar em nós mesmos. Usamos todas os meios possíveis para transformar a pessoa que amamos em alguém melhor, mais correto. Mas uma questão fica em aberto. Melhor pra quem? Por que antes aceitávamos esses mesmos defeitos e agora temos dificuldade em conviver com eles? Por que a necessidade de modificar o outro conforme aquilo que acreditamos ser correto para nós e não para ele?
Em muitas situações acontecem jogos de poder e controle entre os casais, onde através da manipulação se inicia uma verdadeira guerra. Passamos a não mais respeitar o companheiro como um ser individual com identidade e valores próprios. Precisamos colocar a nossa identidade nele, provar que nossa maneira de pensar e ver o mundo é a mais correta. Pois, o importante é vencer a discussão, fazendo com que ele se dobre ao meu ponto de vista.
Nesse momento, o que menos importa são as verdades de quem está ao lado. Uma maneira eficaz de provar que estamos corretos é desqualificando os interesses da outra pessoa, menosprezando constantemente o seu pensar e agir frente ao mundo.
O difícil é poder aceitar o companheiro como alguém diferente de nós e que escolheu seguir ao nosso lado, esse mesmo caminho.
Por ser diferente, não tem a obrigação de pensar e agir da mesma maneira que nós. É preciso maturidade e consciência para permitir e estimular que o companheiro possa ser cada vez mais autêntico e autônomo. Inclusive, podendo afirmar algo do tipo: não concordo e nem penso da mesma maneira que você, mas respeito suas idéias e aceito que possa pensar e agir de maneira diferente da minha.