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O surgimento da doença mental é avassalador para a relação familiar, em especial quando se manifesta em crianças e adolescentes.
Frequentemente ocasiona mudanças na dinâmica da família e gera perturbações que podem atingir o vínculo do casal, o desempenho dos papéis de pai e mãe e o relacionamento entre os irmãos, colocando o grupo no enfrentamento de situações adversas.
Entre os estressores psicossociais que podem intensificar ou contribuir para o surgimento de sintomas psiquiátricos mais comuns nessa fase da vida está à relação familiar.
Problemas como: discórdia conjugal severa, pai ou mãe com transtorno mental, separação dos pais, rejeição, abandono, maus tratos físicos e sexuais, são fatores que podem criar um ambiente familiar hostil e interferir, sobremaneira, na saúde emocional, agravando estados psiquiátricos já existentes ou contribuindo para a sua eclosão.
A família passa a ter que confrontar-se, além dessas mencionadas dificuldades que incluem em sua maioria uma esfera interativa e relacional, com os dados objetivos que implicam o adoecimento de um de seus membros.
Para ampliar a nossa compreensão acerca dessa dinâmica temos que considerar também o estresse sofrido pelas pessoas diretamente responsáveis pelo cuidado ao portador da doença mental.
Em se tratando de crianças, podemos imaginar a sobrecarga emocional sobre o cuidador, que além de lidar com as necessidades e a atenção requerida por indivíduos em tenra idade, têm que lidar com os agravos referentes à patologia mental.
Outro aspecto a ser considerado é que o surgimento da doença, geralmente, pega a família de surpresa e despreparada para lidar com essa realidade.
Diante dessas questões, como pensar no tratamento das síndromes psiquiátricas infantis e da adolescência sem incluir a família?
Sabemos que nos casos dos transtornos mentais o uso de medicação é imprescindível, mas apenas a administração de remédios pode dar conta da interferência de uma atmosfera familiar perturbadora?
Aqui não só nos reportamos as síndromes mentais graves ou em fase aguda, mas também a patologias mais leves como, por exemplo, o TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade).
Será que se dá a devida atenção a uma possível influência do ambiente familiar para o acirramento dos sintomas do déficit de atenção e da hiperatividade?
Ampliar o espectro da intervenção, em se tratando da saúde mental na infância e adolescência, redundará em maior cuidado terapêutico.
Não podemos esquecer que é com a família que a criança e o adolescente vivem.
Se cuidarmos apenas dos sintomas apresentados por eles e não atentarmos para os estressores psicossociais que incidem sobre o seu grupo familiar, dificilmente poderemos vislumbrar possibilidades para uma vida com melhor qualidade e que estimule a confiança e a autonomia desses indivíduos.
Ressalvamos que os estressores atingem não só os membros portadores de transtorno mental, mas toda a família está sujeita a eles.
Isso, como citamos anteriormente, sem falar no comprometimento, para pais e familiares, da sobrecarga emocional decorrente do trato diário com essas pessoas.
Necessitando, pais e familiares, serem também cuidados e apoiados emocionalmente em seu sofrimento, angústias, conflitos e dores.